Depois do Start - Por Fillipe Machado

[ Não tínhamos luzes RGB ]

Não era cada um na sua casa. Não precisava headset e muito menos "cadeira gamer".

A gente tinha ponto de encontro. Falava direto com o amigo ou até um desconhecido que jogava na TV ao lado. Assim nasciam novas amizades também.

Nada era "gamer". Haviam os bancos longos de madeira, que por vezes, suportavam até 10 jogadores sentados, ou cadeiras de PVC, e ninguém reclamava do conforto, pois só queríamos jogar e nos divertir.

Jogar sempre foi legal, mas a "conexão" distanciou um pouco, tudo que era tão legal quanto jogar.

Hoje em dia, se você quiser me ver jogar, "se inscreva no meu canal", "me siga nas redes sociais" , "conversa comigo pelo Discord", etc...

Saudades de rever os amigos diariamente, encontrá-los mastigando o pão ainda servido pela mãe no café da manhã de suas casas ou comendo um lanche barato comprado na própria Locadora/ Jogadora do bairro.

Do tempo que assistir Gameplay era esperar a vez no videogame da locadora, ou olhar pra TV do lado, um jogo diferente do seu. E que seu limite de troca de cartucho já havia estourado dentre os seus três favoritos, a solução era espiar o amigo do lado jogar e mostrar como era a tal aventura ainda não experimentada.

Nem todos tinham grana pra comprar a revista com os macetes, mas havia a galera que ficava acompanhando a jogatina de quem segurava os joysticks, e que soprava diversas dicas, além de se oferecer, claro, quando o player empacava em alguma parte do jogo, para "ajudar a passar de fase" (o que normalmente era falta de grana do solícito desconhecido).

Não tínhamos luzes RGB.

Nós tínhamos outras luzes mais significativas, as lâmpadas dos postes na rua ligando, quando nos lembrávamos que já estávamos desde a manhã lá, e que ainda haveria um último Big Boss (o Chefão) pra enfrentar, um sermão, um chinelo teleguiado, ou com sorte, só uma ordem de banho antes da janta.

Nossa conexão não exigia fibra ótica... mas era de fibra.