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Depois do Start - Por Fillipe Machado.

  • Foto do escritor: Velho Gamer Podcast
    Velho Gamer Podcast
  • 26 de mai. de 2021
  • 3 min de leitura

[ A odisséia por um cartucho ]


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Era o final da década de 80.


Meu saudoso pai casou por duas vezes. Teve os meus dois irmãos, e já em sua segunda união, veio como terceiro filho homem este que vos escreve. Posteriormente meus pais ainda tiveram minha irmã. Mas até ela nascer, eu era o caçula, e no pensamento trivial que todo pai ou mãe tem de não fazer diferença no tratamento com os filhos, algumas coisas eram dadas por igual, outras logicamente pela idade não.


Meus irmãos ganharam um videogame chamado Odyssey - O videogame da Philips (o que na verdade era o Odyssey2 na América do Norte e no Japão, e erroneamente acreditou-se que aqui não caberia usar o número 2 por não terem lançado a primeira versão em terras tupiniquins, o que historicamente não é verdade, mas isso é outra história).


Assim como meus irmãos, também ganhei um Odyssey. Alguns cartuchos iguais (o que não é vantagem para quem é irmão) e alguns poucos diferentes que trocávamos. Eu ainda era muito pequeno então me contentava com poucos cartuchos. Mas mesmo assim, cada vez que eu visitava meus irmãos mais velhos, ficava maravilhado com jogos diferentes e suas dinâmicas incríveis das que eu estava habituado a jogar.


O tempo foi passando e comecei a sofrer um drama que todo "odysseyro" passou e entende o sentimento. Para quem desconhece esse console, ele foi contemporâneo e concorrente do Atari, este último que foi muito popular por sua biblioteca e pela gama de consoles nacionais, os "clones" que "ajudavam" na disseminação do original tornando-o muito mais popular.


Meus colegas de escola todos tinham um Atari, os vizinhos no condomínio do meu prédio, primos e outros amigos, todos tinham Atari ou um "similar" compatível (Super Game, Dactar, Dynavision, Onyx Junior e muitos outros). E todos estes pequenos círculos sociais que eu pouco tinha, cada um deles, emprestavam cartuchos entre si, já eu, assistia as trocas e mentalizava os mesmos 5 cartuchos que eu tinha que jogar de novo quando chegasse em casa. E considerando que nasci em 1983 e o Odyssey encerrou suas atividades em meados de 85, eis que um outro agravante me frustraria mais.


Passei a pedir novos cartuchos, e em tempos onde a internet não era uma opção viável para pesquisar jogos usados, pouco se via nos classificados (ao menos na minha cidade). Meu pai simplesmente não encontrava para vender nas lojas, também tentamos nesta odisseia, vasculhar locadoras para que, de forma paliativa, eu pudesse alugar novas aventuras para o meu console, o que apenas aumentou o rol de insucessos nessa jornada.


Junto a isso, iniciava a era das revistas sobre videogames, com seções específicas para cada console e seus lançamentos. Para minha surpresa, havia inclusive uma página dedicada ao Atari. Eu queria arrancar meus cabelos, rasgar a revista e ir no prédio da editora para bradar meu descontentamento com tamanho descaso com o meu videogame. Um absurdo sem fim.


Tenho uma vaga lembrança de meu pai alugando um cartucho de Atari para tentar descobrir se rodava no meu Odyssey, o que obviamente não deu certo. Creio que eu tenha tentado também com um vizinho de prédio, emprestar um cartucho meu para ele colocar no Dactar dele, e ele tendo me emprestado um Pitfall ou Enduro, algo assim.


Depois de toda essa perseverança mal sucedida, iniciou-se em casa diretamente nos ouvidos do meu pai, uma campanha por um novo videogame, pois até então, eu apenas tinha conseguido um final nada feliz para meus anseios.


O Odyssey me proporcionou tardes incríveis, ótimas jogatinas e maravilhosas lembranças com meus pais e irmãos, nos divertindo nos finais de semana. Tenho um carinho enorme por ele, tanto é que, de muitos videogames que tive posteriormente, apenas o Odyssey se mantém comigo até hoje. Mas para uma criança enjoada dos mesmos jogos, e sem perspectivas de poder comprar, alugar ou pegar emprestado um jogo diferente, era hora de um upgrade...


E no fim daquele ano, especificamente no Natal, uma nova caixa quadrada chegava em minhas mãos. Algo mágico estava prestes a acontecer na minha vida. Mas isso, já é papo para um outro texto.

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