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Resenha Nostálgica - por Hermes Almeida

  • Foto do escritor: Velho Gamer Podcast
    Velho Gamer Podcast
  • 12 de mai. de 2021
  • 3 min de leitura

Atualizado: 26 de mai. de 2021

[ Não importava...]


Acho que falo por muitos que acompanham nossas resenhas nostálgicas: não importava se o jogo era pirata!


Meu terceiro vídeo game foi um Super Nintendo desbloqueado que comprei de um colega na época em que o primeiro Playstation começava a se popularizar. A nova aquisição acompanhava dois cartuchos (piratas): Tartarugas Ninjas Tournament Fighters e Super Soccer Champ (o jogo de futebol que era possível acertar a bola no juiz). Meu SNES só conhecia jogos originais quando alugávamos algum cartucho (o que acontecia semanalmente) e como um bom gamer dos anos 90, o jogo era "destrinchado" o final de semana todo até a segunda-feira, dia da devolução (se não era multa!), fora isso, era só jogo pirata, ou como podemos chamar: "paralelo" (sendo mais politicamente correto).


Novos jogos, quando não alugados, eram obtidos por cartuchos emprestados ou trocados com colegas e vizinhos, mas principalmente por compra nos famigerados camelôs. Meus irmãos e eu juntávamos cada trocado e dávamos para minha tia/madrinha, que trabalhava no Centro de Porto Alegre, para que comprasse um jogo novo pra gente. Ela usava o horário de almoço para "caçar" cartuchos das nossas listas que normalmente tinham três nomes de jogos (sendo o primeiro da lista o mais desejado).


Atualmente, sendo um adulto que faz plantões de 12 horas em um hospital, reconheço como nossos intervalos são sagrados e só tenho a agradecer a minha madrinha (que já nos deixou) por sacrificar seus almoços para desbravar o camelódromo da Praça XV atrás de jogos de SNES para a nossa diversão. Ela não se importava.


Outra coisa que não me importava eram as etiquetas (as atuais LABELS). Elas podiam vir mal impressas, borradas ou até cortadas grosseiramente, já que eram etiquetas mais largas para cartuchos de modelo Super Famicom, e os vendedores nem se davam ao trabalho de cortar direito. Não me importava se viria com caixa mal impressa num papelão de qualidade duvidosa que mal dava pra montar (quando não vinha colado com fita adesiva). Não me importava que o selo dourado da Nintendo não reluzisse, que não tivesse os parafusos Gamebits.


Não me importava se o cartucho era do modelo japonês ou se o jogo estava em japonês contanto que não fosse um jogo de história complexa ou que entender o que estava acontecendo era obrigatório para seguir a gameplay, afinal, já era difícil jogar e entender o Inglês muitas vezes. Não me importava se o cartucho fosse mais leve que os originais ou que o chip interno tivesse a "bolha preta" (bolhas de resina epóxi, coladas nos microchips: sua função é cobrir os circuitos do chip-on-board (COB) que, por serem de baixo custo, não possuem encapsulamento plástico e os terminais metálicos).


Não me importava que o jogo viesse com outro jogo acessível quando se dava Reset, inclusive foi uma grata surpresa quando o jogo do Timão e Pumba foi resetado e nos deparamos com Bomberman, tanto que aposentamos os amigos do Rei Leão para dar atenção ao ninja das bombas. Não me importava que o International Super Star Soccer Deluxe (AU, AU!) tivesse sido transformado em Campeonato Brasileiro 96 com uma dublagem pavorosa. Não me importava que desse para dar Fatality no meio da luta em Mortal Kombat II (o que na verdade era Show!).


Porém, apesar de todas as felicidades que os jogos piratas nos trouxeram, houve sim dois momentos marcantes que eu me importei (e muito): Quando Super Metroid veio sem bateria para salvar o progresso, o que me impediu de terminar o jogo na época (caso morresse, Samus até recomeçava na última Save Room, mas sua armadura explodia em seguida), e Batman Forever, que os inimigos (por algum motivo desconhecido) tinhas os sprites bugados, sendo na verdade um amontoado de pixels. Sobre o bug em Batman Forever, minha madrinha trocou o cartucho três vezes e o problema era o mesmo em qualquer versão. Na quarta vez o vendedor ofereceu Batman Returns e ela aceitou, e o jogo era infinitamente melhor que Batman Forever (que era ruim com ou sem bug).


Por fim, só tenho a agradecer a boa vontade da minha madrinha que parecia incansável em nos trazer diversão e felicidade em forma de cartucho. Não importavam os pedidos, ela sempre fazia o máximo para trazer uma nova aventura para nós. Ela também não se importava.



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