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Depois do Start - Por Fillipe Machado.

[Natal, família e games]


Muita coisa muda a cada geração, eu sei, é mais do que óbvio essa primeira frase que escrevo aqui. No entanto, deixe-me relembrar algumas memórias, as quais acredito que você vai se enxergar nelas ou ao menos em parte.


Eu que sou da geração dos anos 80, tendo na minha formação ótimas bandas e intérpretes da música, grandes filmes da cultura pop, ícones do cinema, rádio, televisão... e claro, os videogames. Uma geração com pouca afinidade com computadores caseiros (como se chamava popularmente).


O videogame dividia a preferência da molecada com as tão sonhadas bicicletas, jogos de tabuleiro, bonequinhos de super-heróis, os Comandos em Ação, Playmobil, carrinhos de fricção e diversos outros sonhos almejados para a chegada do velho Noel. E como já escrevi neste parágrafo, o videogame dividia a preferência da molecada com os brinquedos "comuns", de forma justa diga-se de passagem, pois a variedade e criatividade dos brinquedos nas décadas de 80 e 90 eram incríveis.


O videogame que ganhei de Natal já era o meu terceiro console, e foi o único trazido pelo Papai Noel. Todas as gerações posteriores que eu adquiri, foi juntando grana e vendendo o console antigo pra comprar o mais recente com uma "ajudinha" do meu saudoso pai pra completar o valor. Obviamente aos 11 anos, eu já sabia que o personagem natalino era apenas um folclore popular mundial.


Mas daquela transição entre a infância e a "pré-adolescência", tanto nós jovens na época, quanto nossos pais, ainda estávamos nos adaptando, e alguns hábitos ou rituais familiares perduravam um pouco mais. Hoje sendo pai, entendo que, ao perceber que os filhos passam a não acreditar mais no Papai Noel, estamos testemunhando a perda gradual da ingenuidade dos filhos, e adiar essa ruptura é uma forma, ainda que inútil, de nostalgicamente "segurar" essa infância em baixo das asas.


Tive ótimos natais na infância, e dentre eles, eu destaco os anos de 92 e 93, apesar das dificuldades financeiras da minha família, estávamos juntos. Avós, tios, primos, meus irmãos e até meu amigos da minha rua.


Ganhei um Super Nintendo com apenas um cartucho (não era Super Mario World) e um controle, o suficiente para vidrar em uma tv de 20 polegadas da Semp que ficava na sala. O Natal foi marcante, não pelo videogame exatamente, mas por ter meus amigos ali comigo, por ter minha família unida em ótimas lembranças de um tempo que me aperta o peito sempre que recordo.


Diferente de muitos da geração atual que normalmente almeja um celular com configurações mais parrudas para jogar online em 120Hz, e que joga em silêncio ao lado de um amigo ou até sozinho com seus phones de ouvido ao se isolar durante a ceia, a gente se divertia, interagia, gargalhava.


Eu observo crianças e adolescentes respondendo de forma monossilábica e genérica hoje em dia, abduzidos pela internet ou jogos online.


Já a gente jogava videogame juntando a galera pra rir, disputando um torneio inventado na hora, a gente se zoava ganhando ou perdendo as disputas. E logo que enjoávamos de jogar, pela natural hiperatividade da idade, a gente revezava a bicicleta nova (uma ida e volta pra cada um na rua sem saída), a gente se sujava em pleno Natal jogando futebol com a bola nova no meio da rua pra levar uma mijada da mãe depois. E até rolava o "esconde-esconde" ou brincadeira de "pegar" pelo pátio de casa. E eu espero que a geração atual, e as próximas que vierem, possam vivenciar tudo isso que tivemos também.


Claro que, assim como a geração atual, a gente também jogava muito videogame, a gente também queria o melhor videogame possível ou o jogo mais famoso recém lançado, mas a noite natalina não era só isso.


A gente tinha algo muito mais legal. A gente tinha... a gente.


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